África do Sul enfim vence, mas se despede abraçada com os franceses
Primeira vitória de Parreira no comando de uma seleção estrangeira tem o gosto amargo da eliminação. Bleus voltam para casa com a crise na bagagem
Foi uma festa incompleta, com sorrisos constrangidos e vuvuzelas sem força. Diante das arquibancadas do Free State tingidas de amarelo, a África do Sul enfim arrancou sua primeira vitória na Copa do Mundo. Era tarde. Os 2 a 1 em cima da França, sob os olhares do presidente do país, Jacob Zuma, não foram suficientes para garantir o salto heroico às oitavas de final. Os 39.415 torcedores aplaudiram seus ídolos ao fim do jogo, mas a euforia que envolve o time da casa sofreu o golpe definitivo. Com Uruguai e México classificados no grupo A, os Bafana Bafana morrem abraçados com os franceses, que voltam para casa levando na bagagem uma crise do tamanho de Paris e uma das piores campanhas de sua história.

Os sul-africanos acenderam a esperança em Bloemfontein com Khumalo e Mphela, fazendo 2 a 0 – faltavam outros dois gols para buscar a classificação. Mas a França finalmente balançou a rede no continente africano, com Malouda, e deu números finais à partida. A primeira vitória do brasileiro Carlos Alberto Parreira em Copas no comando de uma seleção estrangeira teve sabor de derrota. Está quebrada a escrita: pela primeira vez, o país sede não consegue avançar. Em Rustemburgo, o Uruguai bateu o México por 1 a 0 e foi adiante como líder da chave.
O jogo
Com seu elenco em ebulição, o técnico Francês Raymond Domenech resolveu mexer e fez três trocas no time titular. Anelka, expulso da delegação, e Toulalan, suspenso com o segundo cartão amarelo, ganharam a companhia de Malouda, Govou e do capitão Evra no grupo dos barrados.
Apesar da crise, quem assustou primeiro foi a França. Aos dois minutos, Gignac entrou sozinho na área, mas chutou fraco, nas mãos de Josephs. Foi só. Depois disso, o jogo esfriou, e nem parecia que as duas seleções precisavam desesperadamente da vitória.
O Free State só foi esquentar aos 21 minutos, quando a esperança Bafana acendeu pela primeira vez. Tshabalala cobrou escanteio da direita e a bola cruzou toda a área, deixando na saudade até o goleiro Lloris, que saiu catando borboleta. O zagueiro Khumalo, que esperava no segundo pau, ganhou de Diaby na subida e cabeceou a Jabulani para o fundo da rede. Os franceses reclamaram de falta do sul-africano, que de fato se apoiou no rival, mas o árbitro colombiano Oscar Ruiz apontou o centro do campo: 1 a 0.
O gol incendiou a partida, e os dois times partiram para o ataque. Mphela teve outra grande chance aos 24, mas chutou para fora. Um minuto depois, um duro golpe no sonho azul: bola alçada na área dos Bafana, e Gourcuff subiu com o cotovelo no rosto de Sibaya. Cartão vermelho. No banco, Evra e Henry se olharam com aquela cara de “o que é que eu estou fazendo aqui?”.
Vestindo coletes, os dois estavam ali para ver mais um gol da África do Sul. Aos 37, Squillaci rebateu mal, e a bola sobrou para Masilela. O lateral chutou cruzado, Clichy bobeou na marcação, e Mphela dominou para entrar com bola e tudo. Euforia nas arquibancadas.
Aos 43 minutos, outra boa notícia para os donos da casa, mas bem longe dali. Em Rustemburgo, Suárez abriu o placar para o Uruguai contra o México, cenário que deixava os sul-africanos a dois gols da classificação heroica. O sistema de som do estádio, contudo, não anunciou o gol da Celeste e evitou mais uma explosão de alegria em verde e amarelo.
O segundo tempo começou no mesmo tom do primeiro, com Mphela assustando os Bleus. Aos cinco minutos, o atacante recebeu lindo passe de Tshabalala e, de pé direito, matou o goleiro Lloris, mas a Jabulani caprichosamente encontrou a trave.
Domenech, então, olhou para o lado e decidiu que era hora de jogar Henry na fogueira. Com um homem a menos, 2 a 0 contra no placar e a passagem de volta quase comprada, o atacante entrou no lugar de Cissé para tentar salvar a pátria.
Quem voltou a aparecer, contudo, foi Mphela, com mais uma bomba de fora de área, que Lloris mandou a escanteio. Aos 17, o atacante apareceu livre de novo pela direita, mas esbarrou de novo no goleiro francês.
Dois minutos depois, Henry apareceu. Mas era melhor ter continuado anônimo. O veterano recebeu um lançamento dentro da grande área, mas não conseguiu matar, levou uma bolada no rosto e ainda ajeitou com a mão esquerda – a mesma que colocou a França na Copa e agora volta vazia para casa.
Aos 24, os três melhores jogadores franceses na partida apareceram juntos. E, enfim, deu resultado. Sagna arrancou pelo meio e enfiou a bola para Ribéry, que deixou Malouda livre diante do gol vazio. O meia, que tinha substituído Gignac, balançou a rede para os Bleus pela primeira – e única – vez no Mundial. Por um momento, as vuvuzelas se calaram no estádio.
Dali em diante, ninguém chegou a ameaçar de verdade o gol adversário, à exceção de Tshabalala, que pintou livre na cara do gol aos 46. A cada minuto que passava, a ficha ia caindo para sul-africanos e franceses. No apito final de Oscar Ruiz, os dois morreram abraçados.
Loja GLOBOESPORTE.COM: Compre as camisas da África do Sul e da França.
Lloris, Sagna, Gallas, Squillaci e Clichy; Diarra (Govou), Diaby, Ribéry e Gourcuff; Gignac (Malouda) e Cissé (Henry) | Josephs, Ngcongca (Gaxa), Mokoena, Khumalo e Masilela; Sibaya, Khuboni (Modise), Pienaar e Tshabalala; Mphela e Parker (Nomvethe) |
Técnico: Raymond Domenech | Técnico: Carlos Alberto Parreira |
Gols: Khumalo, aos 21, Mphela, aos 37 do primeiro tempo; Malouda, aos 24 do segundo. | |
Cartão vermelho: Gourcuff, aos 25 do primeiro tempo | |
Estádio: Free State (em Bloemfontein). Data: 22/6/2010. Horário: 11h. Árbitro: Oscar Ruiz (Colômbia). Assistentes: Abraham Gonzalez (Colômbia) e Humberto Clavijo (Colômbia) |
Nenhum comentário:
Postar um comentário